a vida é o trabalho do artista

.

“minha carreira como artista plástico estava prestes a acabar em 1994.

logo após a dura recessão dos anos 90, a decisão de me reinventar como fotógrafo parecia não me levar a lugar nenhum.

embora trabalhasse intensamente, estava sem galeria em nova york, e o que ganhava mal dava para sobreviver.

além disso, torturava-me imaginar como sustentar e educar meu filho, na época com 4 anos.

eu era também professor de fotografia e desenho na new school for social research, em nova york.

lembro-me claramente do dia em que comentei com a amiga e curadora americana tricia collins que eu estava pensando em dar mais aulas e encarar uma carreira como educador e abandonar esse sonho de viver de arte.

tricia me disse que a pior coisa a fazer é deixar de ser o que somos para ser algo para nossos filhos.

que o meu filho seria mais orgulhoso de mim como artista do que como o infeliz que deixou de ser o que queria ser por sua causa.

ela também me ofereceu um projeto na pequena sala alternativa que dirigia no soho.

eu disse a tricia que trabalharia como um louco para seu projeto.

aí ela me deu um conselho:

‘a vida é o trabalho do artista. saia de férias!’.

segui seu conselho à risca e embarquei para o caribe, onde conheci as crianças da série de fotografias que me consagraram.

as fotos também fizeram parte da minha primeira retrospectiva, em nova york, estabelecendo definitivamente minha identidade pública como artista plástico e fotógrafo.

meu filho, hoje com 19 anos, é o meu maior fã e amigo.”

vik muniz

Deixe um comentário